quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Mulher ou Negro

Apresentados os candidatos à Casa Branca versão 2008 e os aspectos que parecem ser os mais marcantes dos seus programas, outro ponto merece um momento de reflexão. Política e “politiquices” à parte, o que tem provocado maior revolução nesta campanha é o facto de podermos vir a ter, pela primeira vez, uma mulher ou um negro a comandar o destino da superpotência Estados Unidos da América.

Ou seja, a questão do género e da raça é que vai assumir, neste caso, o epíteto da “verdadeira mudança”.

Mas não se pense que esta situação seria “revolução” apenas nos E.U.A. Caso acontecesse em Portugal, também o seria, pois nunca tivemos um Presidente do sexo feminino ou de raça negra.

E será que os portugueses, aliás, a mentalidade dos portugueses, estaria preparada, como a dos americanos parece estar, para enfrentar um panorama destes?

Para responder a esta questão, perguntamos a alguns cidadãos nacionais a sua opinião. Eis as suas respostas.


Miguel Semedo, Estudante de Bioquímica, 24 anos – Penso que sim, que os portugueses estão preparados. Tal como nos EUA ainda existe preconceito, no entanto a maioria dos eleitores não iria basear o seu voto na raça ou género do candidato.


Olga Marvão, Administrativa, 50 anos – Neste momento julgo que os portugueses ainda não estão preparados. Uma mulher, num futuro próximo, talvez seja um cenário possível, visto que estas se começam a integrar na chamada “sociedade política”, cada dia mais. Quanto a um chefe da nação negro, julgo que o problema é mais complexo, devido ao nosso longo passado colonialista. Embora acredite que o povo, em si, não seja racista, não creio que esteja preparado para uma mudança tão drástica, quando o negro ainda continua a ser visto, na sua maioria, como “alguém”com uma cultura menor, socialmente inferior e com mais tendência a ser marginalizado.


Fernanda Teixeira, Técnica superior de arquivo, 23 anos – Talvez não aceitassem bem, uma vez que ainda têm uma mentalidade muito fechada… Os portugueses estão menos avançados que os norte-americanos nesse aspecto.


João Esteves, Estudante de Medicina, 24 anos - Em relação à temática acerca da preparação, ou não, dos portugueses em ter um presidente negro ou mulher o que me aufere dizer prende-se substancialmente com o facto de que a nação está cada vez mais aberta a novas soluções. Em relação ao primeiro, não se vislumbra ninguém de cor na política nacional, pelo que os portugueses não podem colocar ninguém no governo pelo simples facto que não há solução. Mas respondendo à questão da "preparação" de Portugal, e para tal acontecer, penso sinceramente que se houvesse um candidato de cor com força, valor e empenho, os eleitores já não colocariam barreiras à sua promoção (excepto alguns iluminados, que são já uma minoria). Mas reitero, ainda faltam uns anos largos para surgir alguém com essas características no panorama político nacional. No que toca à segunda hipótese, mulher a presidente, é completamente diferente, já que existem cada vez mais ministras, deputadas, e genericamente mulheres envolvidas na política nacional. Como tal, também não veria inconsequência alguma em ter uma mulher como eleita da nação. Respondendo mais uma vez à pergunta sobre a "preparação" dos portugueses para tal questão, penso também que já não é preciso estar preparado para exercer opção de voto numa mulher, porque são tão competentes e exigentes como os homens, mas falar de alguém em abstracto nunca é fácil. Mas sim, os portugueses estão mais que preparados para votar numa mulher.

Vejamos, por fim, qual é o parecer de João Dias, estudante de Ciência Política, acerca de uma possível conjuntura deste género no nosso país:

Eu acredito que seria possível um negro ou uma mulher serem eleitos para um alto cargo político no nosso país, mas não vejo isso a acontecer nos tempos mais próximos, não pelo preconceito dos portugueses, mas porque não se vislumbra nenhuma mulher ou negro a emergirem no panorama político nacional.

É preciso lembrar que já tivemos uma mulher a ocupar o cargo de primeiro-ministro, mas no caso de um negro seria diferente, porque não podemos comparar a nossa realidade com a dos Estados Unidos. A nossa comunidade negra provém, na sua esmagadora maioria, das antigas colónias e ocupa, sobretudo, camadas sociais muito desfavorecidas, com mais dificuldades de acesso à educação e à cultura, logo mais dificilmente acederá a lugares de destaque na sociedade. Mas isto poderá mudar a médio prazo, talvez com a inspiração em Barack Obama, também ele fruto de uma infância passada na pobreza, tendo de subir a pulso através da excelência e da aplicação.

Ouça também a resposta em:

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